Apenas um olhar: Ética profissional e as relações interpessoais. - Por Carla Paraízo
06 Março, 2018
Autoridade e Ética Profissional caminham juntas? Autoridade ou Autoritarismo? Agir ou Reagir? Algumas atitudes profissionais podem ser mal interpretadas ou mal aplicadas. Agir sem respeitar limites e leis poderá resultar em autoritarismo. Acatar uma ordem sem questionar, poderá resultar em passividade.
Supõe-se que o homem médio, quando recebe ao longo de sua formação cultural e profissional conceitos éticos e valores morais e sociais, terá elementos para conciliar os relacionamentos profissionais mantendo-os saudáveis e éticos.
Mas afinal, o que é Ética? O que é Moral? No contexto filosófico, ética e moral possuem diferentes significados. A ética está associada ao estudo fundamentado dos valores morais que orientam o comportamento humano em sociedade, enquanto a moral são os costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas por cada sociedade.
No contexto do Judiciário, por exemplo, caberá ao Juiz ao elaborar suas sentenças, fundamentá-las em busca da aplicação da Justiça, apoiando-se na Lei, nos fatos trazidos aos autos, sem, entretanto, deixar de lado os valores morais e costumes da Sociedade, exercendo sua autoridade judiciária. Caberá ao Juiz, portanto, considerar não somente a Lei, mas também todo o contexto que envolve os fatos em julgamento, valendo-se, dos elementos processuais e, quando possível, dos costumes e da doutrina a fim de não ser considerado escravo da Lei. É fato que, não caberá ao Juiz julgar apoiado apenas por suas convicções pessoais, pois, se assim o fizer, poderá tornar-se implacável, imparcial ou mesmo tirano.
No mesmo sentido, aos demais profissionais do Direito também cabem agir de igual modo e, não se deixarem levar por interesses pessoais alheios aos casos em que atuam ou ainda, movidos por suas emoções, com risco de assim, ferirem a ética profissional e dos relacionamentos interpessoais.
Em outro contexto, dirijo o olhar para a postura de dois profissionais com ações e reações distintas.
Aquele profissional destacado por ser demasiado inteligente que, ao agir desprovido de conceitos éticos e motivado apenas por suas opiniões pessoais e assim, poderá tornar-se uma pessoa perversa e egoísta nos seus relacionamentos interpessoais profissionais.
E, o profissional que ao agir apenas de forma diplomática e dócil, sem embasamento técnico e sem sinceridade em suas atitudes, e então tornar-se hipócrita e servil.
Qual seria a melhor atitude profissional? Sob um olhar cauteloso, ouso dizer que a melhor atitude profissional é aquela que consegue conciliar, na prática, os conceitos éticos, políticos e sociais, levando em consideração o bom senso comum, ao defender suas opiniões e convicções, ao tomar decisões, tanto no ambiente quanto nos relacionamentos interpessoais profissionais.
Considerando que, "bom senso" vai muito além da capacidade de distinguir "certo" e "errado" e que, está ligado às noções de razoabilidade que define a capacidade média que uma pessoa possui (ou deveria possuir) de adequar regras e costumes a determinada realidade e fazer bons julgamentos, ao usar o "bom senso", espera-se saber reagir de modo saudável quando se é alvo de atitudes grosseiras de outro profissional, sem, entretanto, agir de modo servil e, da mesma forma, poder exercer a autoridade que nos foi delegada, sem ser tirano ou autoritário.
O princípio da física da "ação e reação", segundo o qual, a toda ação deve opor-se uma reação de igual intensidade e sentido contrário, não pressupõe absoluta oposição entre seus valores.
Sob um singelo olhar da Ética, ouso dizer que, quando o profissional consegue atingir o equilíbrio entre a autoridade e a ética profissionais, o desenvolvimento de seu trabalho caminha com harmonia e respeito. Urge saber ouvir antes de reagir!